google.com, pub-9060918077525740, DIRECT, f08c47fec0942fa0
top of page

Escritores da liberdade

  • Foto do escritor: Tayná Vitória
    Tayná Vitória
  • 7 de out. de 2018
  • 5 min de leitura

Atualizado: 1 de out. de 2024



"Acomodo-me na cadeira. Quietamente acompanho os cambios no cenário a minha frente. Não entendo nada. Não faço associações e sei que quando passar por aquela porta, meu cérebro já terá eliminado as informações. O que é irrelevante ele descarta. Irrelevante por hora, depois seu status muda. 

Tento não pensar em coisa alguma. Tento não deixar minhas pegadas influenciar na forma como me porto nesse local. Tento ficar quieta em relação ao externo e quieta internamente.

Mas o barulho gotejante das ideias aqui dentro não para. Esperando o sinal da liberdade, como um escravo ansiando a alforria. Desesperadamente espero que este lugar atualmente claustrofóbico se transmute para o status do grande alforriador. Que me liberte da rotina abusiva, que me liberte da fome, que me liberte das despossessões as quais  ouvi a professora de Sociologia falar. E que me liberte dos dardos fulminantes dos sequiosos por violência e miséria.

A pressão me sufoca. Já não basta a pressão atmosférica, tem que ter a pressão dos egoístas nos meus ouvidos.

É invocado porque eles, assim como o peso da atmosfera influenciam na vaporização da água do café.

Estando numa altitude elevada o peso do ar não é tão grande e a água para preparar o café esquenta com uma rapidez que não pode ser observada em um local de baixa latitude. Mas... com a pressão dos egoístas eu nem tenho fogão. Tenho um forno improvisado movido a lenha. Enquanto isso, no mundo exterior, essa microsociedade rui paulatinamente.

Prova disso: o que estou fazendo agora. Escrevendo, desabafando, despejando meus tormentos no papel enquanto o que deveria ser mestre fala.

Uma vez, uma escritora da liberdade disse para uma mulher a qual no momento da conversa não tinha ideia de que se tornaria uma verdadeira alforriadora, uma verdadeira mestra: ''Você vem aqui para ensinar essa droga de gramática e depois a gente tem que voltar para a rua e o que você entende disso hein? O que você faz aqui dentro que muda alguma coisa na minha vida?'' E teve outra que disse: ''Ninguém dá ouvidos a um adolescente, todo mundo pensa que você deve ser feliz, só porque é jovem. Eles não veem as guerras que travamos todo santo dia, E um dia minha guerra vai terminar e eu não vou morrer. Eu não vou mais tolerar abusos de ninguém. Eu sou FORTE''.

Quando coloquei o ponto final percebi que valeu a pena escrever agora, na aula, mesmo que seja um desrespeito a quem no palco fala, foi bom escrever. Estou curando-me por dentro''.

O texto acima foi escrito no dia 03 de novembro de 2016, por uma adolescente que se sentia frustada intelectualmente. Não conseguia estudar, não conseguia se concentrar em nada. Seus pais ganhavam menos de R$ 200 no mês para sustentar 5 pessoas. Essa adolescente também entrou em depressão(contrariando as espectativas de alguns que dizem que pobre não tem depressão), e mesmo com essa companhia mórbida, ela venceu o ensino médio (já está pronta para entrar para os X-MEN).  Como puderam observar, alguns professores não facilitavam a experiência de SER ALUNO. Como também há alunos que não facilitam a experiência de SER PROFESSOR. Não obstante, o presente texto tratará do lado da equação chamado: Alunos, aprendizes, estudantes.

O que é estar em uma escola?O que é uma escola? Para quê estar em uma escola? Por que estudar?

Acredito que as respostas para as peguntas supracitadas estão bem consolidadas na sua cabeça, mas e na cabeça de quem ainda está começando a entender a cultura em que está (lembranças a minha professora de Antropologia), que ainda está criando consciência de si e do outro?  Há uma variedade de coeficientes entálpicos em uma sala de aula. Há quem gosta de estudar com poucos estímulos, há quem precisa ser estimulado a estudar, e há quem precisa saber para quê estudar para assim começar. Há pessoas que possuem dificuldades em certas ciências e por isso passam a odiá-la. O que precisam? Saber que são importantes para sua vida?

'' E para quê eu tenho que saber o quadro de Punnet? Por que tenho que estudar o nazismo? Para quê eu preciso estudar números complexos? Minha vida já não é complicada demais para esses cientistas criarem complexidade até nos números?''.

Essas são poucas das imensas perguntas que para alguns são ridículas e coisa de gente preguiçosa, e talvez seja, mas...  E aí? Vai fazer o quê mestre? Escolheu licenciatura só para vomitar teorias? Quem tá na tua frente não é o R2D2 ou qualquer outro robô.

Quer ser um professor como Erin Gruwell ou um professor como... bem não posso dizer o nome da pessoa aqui porque posso ser processada (risos).

'' Ah, mas eu não tenho paciência com essas frescuras de psicologia da educação''. Então, rasga teu diploma ou muda a lente que tu usa para ver a vida, porque é devido essa falta de empatia e competência que o ensino de muitos locais é fracassado. Porque pensam que estão lidando com robôs. Ei, acordem: humanos a vista.

''Ah mas há tantas crianças que mesmo passando por dificuldades, que mal têm comida dentro de casa, que tem 20 irmãos...que o pai é alcoólatra e bate na mãe...mas mesmo assim, estudam com afinco porque sabem que apenas com a educação podem mudar sua realidade, ajudar sua mãe, seus irmãos, e quem sabe até esse infeliz que é o pai''. No entanto, há um ''porém'' aí. Porém,  e quem não têm essa FIBRA MORAL a la Harry Potter para vencer esses ''chefões'' da fase do jogo deles que se chama: vida?

E outra coisa: se eles fossem a regra, a história da educação no Brasil e em outros países seria outra. Seria uma história bem linda para se contar. MAS, eles não são a regra, são a EXCEÇÃO.

Sabe, não quero ser ignorante, mas precisamos nos encontrar na nossa profissão para que façamos a diferença no meio em que estamos inseridos. Cadê nossos ideais? Cantamos:'' vivemos esperando dias melhores'' e nos esquecemos que Jota Quest também fala de ''sermos melhores''.Eu sei que é difícil, que na teoria, Paulo Freire nos inspira e muito, mas na ''aula prática'' que é quando vocês já estão trabalhando, os alunos não parecem tão interessados em suas teorias, suas filosofias, suas constantes. Mas quem disse que Erin Gruwell se tornou uma professora a la Dumbledore, ou Mestre Yoda, com alunos ''tranquilos'' de se lidar? Ela não lidou com vários Anakin Skywalker, mas com alunos que já estavam se transformando em Darth Vader.

Mas ela conseguiu salvar a mente daqueles talentos. Conseguiu salvar a família deles, porque salvou seus filhos, seus irmãos.

E então, o que você quer ser depois de já ter crescido?


Visite e siga o Pinterest do site Quem lê as aparências

Vamos conscientizar mais pessoas para fazermos um mundo melhor.


Amor vincit omnia!

T.V



QUEM LÊ AS APARÊNCIAS
2024

bottom of page