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Foto do escritorTayná Vitória

Os ventos de força



Voltar para casa virou um martírio.

Sair de casa é pior ainda.

No ônibus. Andando os poucos metros que separam minha casa do ponto de ônibus.

São apenas alguns metros mas são eles que determinam se eu precisarei ou não de psicólogo. São esses poucos metros, ou são esses minutos no ônibus que determinam se terei que tomar tranquilizante todos os dias para dormir. São esses poucos metros que determinam se eu serei mais uma nas estatísticas.

O desespero, o medo, eles parecem formar um fumaça densa ao meu redor. Tudo fica mais pesado, os passos rápidos parecem mais insuficientes, estou em um pesadelo.

E todos os dias ele se repete.

Eu escuto umas pessoas falando que todas essas mortes, todos esses estupros acabarão quando a sociedade finalmente conseguir ensinar aos homens a RESPEITAR. As pessoas dizem que todo esse horror acabará quando enfim a educação conseguir cumprir sua majestosa função na vida de todos.

E eles estão certos.

Mas...enquanto isso não acontece, continuamos morrendo, continuamos sendo vítimas, continuamos sendo estatística, e essas estatísticas estão pintadas de vermelho gritante.

Qual a proposta de intervenção que proporão para esses tempos de transição?

Eu cansei desse joguinho sádico de presa e predador. Eu simplesmente quero ser HUMANA, como sou, quero ser livre como todos devemos ser.

E quem me legou isso foi uma arte marcial coreana.

Proteção ou ataque.

Controle e autoconhecimento.

É óbvio que nem todos que praticam arte marcial encontram esse controle sobre si mesmo, nem paz interior porque eles se propuseram à competição de egos e músculos. Mas eu não sou assim e nem procuro isso.

Eu procuro ser dona de mim completamente, porque não adianta eu ser livre intelectual e psicologicamente quando ser "mulher" é minha sentença de morte, devido homens que veem e tratam as mulheres a partir da lente da pornografia.

Mas o que te dá asas para se libertar da tirania do corpo é a arte marcial sentida e vivida em sua essência. E foi isso que eu fiz.

E foi nisso que me tornei: uma fênix que sabe se metamorfosear em pantera e em leão. Uma fênix que sabe ser brisa mas também sabe ser tempestade.

Eu consegui vencer o medo, porque eu nasci nele e o transformei em meu catalisador.

Eu entendi que não serão meus argumentos sobre a importância de respeitarmos ao próximo que me livrarão de uma pessoa que não será parada simplesmente por minhas belas palavras. Eu entendi que há uma variedade de coeficientes nessa equação. Mas eu venci e venço todos eles.

Por exemplo, o patriarcado grita através de séculos para nós mulheres, ficarmos longe das artes marciais.

O sistema/matrix é estratégico: não deixa as mulheres desenvolverem sua força interior, seja física ou psicológica justamente para que fiquem vulneráveis às violências sexistas, como o estupro. Porque estupro não é sobre sexo, é sobre poder, sobre dominar as mulheres e impactar suas vidas. A matrix afasta as mulheres das artes marciais usando a carta da "feminilidade". Como se você, mulher, deixasse de ser feminina por saber se defender e se proteger.

E saibam de uma coisa: muitas mulheres que rejeitam a feminilidade assim o fazem justamente por causa dos olhares obscenos na rua, no trabalho, no transporte coletivo... É por causa dessa visão PORNIFICADA que molda a forma como homens veem e tratam as mulheres.

Outrossim, a criação da ideia de que mulheres são o sexo frágil, serviu e tem servido para tirar a HUMANIDADE das mulheres. Transformá-las em objetos, em "coisas" descartáveis. Entenda: corpos HUMANOS são frágeis e fortes ao mesmo tempo. Não importa se é homem, não importa se é mulher. TODOS OS CORPOS HUMANOS TEM SUAS FRAGILIDADES E POTENCIALIDADES.

O sistema patriarcal tentará de tudo para te afastar das artes marciais. Dirão que você é meiga, que não tem jeito para isso. Mas você vai deixar de ser meiga só por saber se defender?

A arte marcial é estilo de vida, é saúde, e principalmente, no caso das mulheres, é a diferença da vida e da morte. É a defesa contra um feminicídio. Uma técnica bem executada te defende e te livra de uma tentativa de violência sexual.

Educação feminista para evitar a formação de novos abusadores. Mas precisamos proteger meninas e mulheres de abusadores que já existem e não querem mudar.


Empodere-se através da arte marcial.


A imagem acima é da obra de Anita Malfatti. O nome da obra? A ventania.


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Vamos conscientizar mais pessoas para fazermos um mundo melhor.


Amor vincit omnia!

T.V




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