''Olho para o relógio e me pergunto o que posso fazer com os betas.
Ah, qual é, essa balada pode me dizer um pouco mais.
É um sofisma esse adeus porque jogo a gasolina mas na iminência de riscar o fósforo eu me retraio. Estou nesse joguinho à três verões paradoxais. Eu dou duas mil e novecentas voltas negativas.''
Escrevi esse texto no dia 09 de outubro de 2015. Eu não me lembro o que tava sentindo, mas sei que nessa época, estava em depressão. E agora? Em 2018? Sabe, comparada a como estava, eu posso dizer que estou na crista da onda, como disse Cat Grant, aquela personagem da DC.
Quando se está com depressão as coisas mais incríveis, as coisas que mais amamos fazer, perdem sentido, quando se está com depressão o que você sente é que a vida não faz mais sentido, sente que é melhor sumir, deixar de viver, porque o que você sente é desesperador. Nunca, nunca vou me esquecer do dia que liguei para minha mãe, desesperada. Estava no meu lugar predileto: no campo, olhava para as serras e a mata branca, eu sempre amei aquele lugar. Lá, era como se tudo fizesse sentido, mas naquele dia eu não senti a magia como se eu estivesse em Nárnia ou em Hogwarts, a única coisa que sentia era desespero porque era para estar feliz mas não conseguia, estava vazia. Acho que essa é uma palavra que resume tudo: VAZIO. Você não vê sentido em continuar vivendo, por motivos as vezes inexplicáveis, como quando você sabe que alguma ''estrela de hollywood'' cometeu suicídio. Você acha que é frescura, que é banalidade, que é ser uma pessoa de cabeça vazia (aqui abro um parênteses para te dizer que o problema não era cabeça nem coração vazio da pessoa, era a alma e a mente. A pessoa tá sofrendo, a pessoa tem intelectualidade, mas não tem o que você tem: motivos para querer acordar todo dia, ou pelo menos ela acha que não tem), mas não é frescura. No meu caso, as pessoas para as quais contei e o próprio psiquiatra que me acompanhou disseram que as grandes causas para minha depressão era o que acontecia com um familiar o qual estava doente e que portanto, isso me afetava....Enfim, resumo da história: eu sabia pelo que tava passando, não fazia sentido essa falta de vontade de viver porque mesmo que esse familiar tivesse causando problemas para minha família, eu amava os meus pais. Para a ''eu'' sem depressão, não havia cogitação de abandonar meus pais, de me dar ao luxo de tirar minha vida e deixá-los. Se eles já estavam sofrendo, imagine como ficariam com meu suicídio? Mas sinceramente, nunca tentei me matar, é claro que quando você está na depressão, você deseja morrer, mas consumar o ato é diferente. Mas sabe. Há muitos zumbis por aí. Muitas pessoas que estão vivas materialmente mas não sentem mais a vida dentro delas. Eu era um zumbi, no entanto, estava cansada de ser, eu sabia lá no fundo que poderia fazer coisas maravilhosas, que eu poderia ajudar meus pais a superar tudo, então eu lutei, com todas minhas forças para sair dessa. Eu pedi ajuda, pedi a meus pais ajuda, eles marcaram um psiquiatra, ele diagnosticou o que nós já sabíamos: depressão, e me receitou um remédio. Os pensamentos infelizes passaram a diminuir a frequência com que me visitavam, mas eu ainda não era ''eu''. Precisava re-significar minha vida. Daí comecei a ver que existia pessoas no mesmo barco que eu, que existia pessoas que estavam em uma ilha, que existiam pessoas que já estavam se afogando, e que existiam pessoas que jogavam o colete salva vida. Sabe, a mídia é cretina as vezes, porque ela dá muita ênfase nos pontos de fracasso da sociedade, das pessoas. Só dá ênfase na miséria humana, e poucas vezes mostra seres humanos erguendo outros seres humanos. Hoje em dia está melhor, mas naquela época não tão distante era diferente. Mesmo assim, graças ao lado azul da força (isso é uma referência de um filme perfeito. Se você não entendeu, assista Star Wars antes de morrer, sua vida terá valido a pena (risos)). Recapitulando.. graças ao lado azul da força, eu li histórias de seres humanos que curavam suas próprias feridas, colocando um band- aid na ferida dos outros. Eu me lembrava todos os dias, de meus pais, e de outros personagens que salvaram minha infância, consolidaram minha humanidade, e me impediram de tentar fugir da dor usando alguma droga que mais tarde só me traria mais dor, me impediram de tentar achar em algum relacionamento o que eu deveria encontrar em mim mesma: amor por mim e pela vida. Mesmo nova, eu já tinha a convicção, talvez por ser espírita, que ninguém deveria me completar porque já sou completa, só estava perdida. Eu tinha plena convicção que deveria estar com alguém porque eu elegi estar, porque elegi amar, e não por uma dependência, esperando que essa pessoa preenchesse meu VAZIO EXISTENCIAL. Então, quais eram os personagens?Bem além dos meus pais, havia um senhor chamado Harry Potter, havia também seus amigos: Hermione (que me ensinou que o conhecimento nos salva tanto fisicamente quanto emocionalmente), Rony, Luna, Gina, Dumbleadore (meu pai é louco por esse cara), Minerva , Hagrid, Neville, Os gêmeos Wesley, Molly...Havia também, Aslan, e todos os narnianos. Havia os lorienos, Annabeth ,Percy Jackson e o povo grego. Havia a menina que roubava livros, e tantos outros que além de roubarem minha atenção, me ensinaram que posso ser uma fênix, que posso resurgir das cinzas. Os medicamentos, a religião espírita me deram uma sobrevida. Agora faltava minha parte: erguer meus irmãos para me erguer junto com eles, só assim minha vida teria propósito, um propósito forte suficiente para enfrentar o VAZIO, para PREENCHER O VAZIO.
Desde esse dia, eu levanto lembrando que há muita coisa para fazer. As fases do jogo que se chama Universidade, são passadas com alegria, porque são um meio para que consiga fazer mais pelos animais, pela natureza, e por todos nós, humanos. Os chefões que aparecem, como em toda fase de jogo, são nocauteados pacificamente (será que Gandhi ia ficar orgulhoso com essa expressão?), enfim, eu resisti pacificamente. E continuo resistindo. Primeiro, tive que criar um jardim em mim, para fazer florescer o meu redor.
Uma amiga tá com depressão, comecei a escrever esse diário virtual, mais por ela, e por tantos outros amigos que ainda não conheço, e que podem me ler. Ela vai superar porque eu superei, e tantos outros fizeram e fazem o mesmo. Ad astra!
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Amor vincit omnia! T.V